16 de outubro de 2010

a cada manhã, ao acordar ...

Não quero viver como uma planta que engasga e não diz a sua flor.
Como um pássaro que mantém os pés atados a um visgo imaginário.
Como um texto que tece centenas de parágrafos sem dar o recado pretendido.
Que eu saiba fazer os meus sonhos frutificarem a sua música.
Que eu não me especialize em desculpas que me desviem dos meus prazeres.
Que eu consiga derreter as grades de cera que me afastam da minha vontade.
Que a cada manhã, ao acordar, eu desperte um pouco mais para o que verdadeiramente me interessa...

Ana Jácomo

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